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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Resenha: Os Números do Jogo



Resenha

Os Números do Jogo

Autor: Chris Anderson & David Sally
Editora: Paralela
Páginas: 360

Sinopse:
Lançamentos longos criam mais chances de gol que cruzamentos? Tentar o drible na própria metade do campo pode prejudicar sua equipe? O 4-4-2 é uma formação mais eficiente que o 4-3-3? Sob que condições e contra que rivais? 
Sabemos que no futebol não existe fórmula para a vitória, mas a “dataficação” da vida está se infiltrando no esporte, mostrando a treinadores, jogadores, torcedores e comentaristas que o jeito como as coisas sempre foram feitas não é, necessariamente, a forma como elas devem ser feitas. 
Cientistas e estatísticos criaram formas diferentes para compreender o papel da previsibilidade e da aleatoriedade no futebol, mas a questão essencial que muitos deles discutem atualmente é a mesma. Também é, por acaso, a mesma questão que Charles Reep, o inventor das estatísticas do futebol, tentou responder na década de 1950: partidas de futebol e campeonatos são decididos pelo talento ou pela sorte?
De forma surpreendente, o estatístico Chris Anderson e o especialista em estratégias David Sally mostram por que os números do jogo podem nos ajudar a compreender o futebol em sua essência. Ao ler este livro, você vai descobrir por que os escanteios devem ser cobrados curtinho, por que o futebol é um esporte do elo mais fraco e por que demitir o treinador não resolve absolutamente nada.


OPINIÃO DELE: 

Sou daqueles que passa até mais que duas horas por dia vendo sites de notícias de futebol, programas de esporte na tv etc. Eu julgava que entendia de tudo relacionado ao esporte. Tirando questões de opinião, eu me sentia apto para discutir qualquer assunto com propriedade. Mas descobri que não. Não antes desse livro. Com muitas informações envolvendo diferentes nuances do futebol (mas também abordando assuntos de outras áreas), dados impressionantes, gráficos como esse abaixo e boas histórias, o livro nos mostra algumas relações que permeiam o mundo das quatro linhas. Algumas relações intuitivas, outras contra-intuitivas e também aquelas polêmicas em que uma parte das pessoas concorda enquanto outros discordam. Em certos casos, eles pegam o senso comum e o destróem com brutalidade. Como, por exemplo, a demissão de treinadores. É fato que a grande maioria dos torcedores apoia a manutenção do técnico no cargo, mas quando o time está numa má fase, os mesmos defensores da longevidade dos comandantes são favoráveis à troca para dar um up, uma injeção de ânimo no time. Mas eis que surge esse gráfico pra derrubar todos os queixos:



Sem querer tirar a graça do livro, vou contar uma pequena parte que eu achei digna de nota. Os autores defendem a tese de que números e resultados incomuns sempre tendem à média. Ou seja, quando alguém vai muito bem ou muito mal em determinado aspecto alguma vez, na próxima, o resultado mais provável é uma normalização, uma volta a um lugar mais próximo da média daquela pessoa naquele aspecto. E uma das conclusões deles é quanto à manutenção dos treinadores, totalmente corroborado pela pesquisa que é definida por esse gráfico. Claramente, a manutenção do treinador tem os mesmos resultados (pra não dizer melhores) que a mudança no comando. Ou seja, aquela ideia de que a mudança de técnico dá uma balançada positiva no elenco não possui nenhum efeito real sobre o desempenho dos times (pra não dizer novamente que piora). Os autores também chegam a outra conclusão ainda mais brilhante em um assunto correlato a esse, mas não vou contar aqui. Deixo pra aqueles que lerem esse livro.

Que o futebol é um esporte muito apaixonante todos sabem. Intuitivamente, eu sempre achei que fosse por sua imprevisibilidade, maior que qualquer outro esporte parecido - basquete, beisebol, vôlei, futebol americano. E o livro diz que os fatores que mais influenciam o resultado é o acaso, seguido pelo dinheiro (salário dos jogadores, ou seja, nível dos jogadores) e as decisões dos técnicos. Sobre essa última:

"Sir Alex Ferguson, numa partida em que seu time estava perdendo por 3x0 para o Tottenham, não elevou a voz uma vez sequer [...] (No intervalo) Ferguson não usou o secador de cabelo (gritar no pé do ouvido do jogador). O que ele disse, com muita calma, foi: 
'É claro que vocês sabem que estamos jogando contra o Tottenham. Na cabeça deles, eles já ganharam o jogo, já estão no boteco comemorando. Façam um gol logo no começo do segundo tempo, eles vão entrar em pânico. Com o Tottenham é assim. Eles sempre jogam assim, sempre serão assim.' 
Isso é muito mais eficaz do que gritar palavrões ou quebrar copos ou cerrar os punhos, como fazem muitos treinadores no intervalo quando seus comandados vão mal. Naquela tarde, o United fez cinco gols no segundo tempo. Seu desempenho voltou à média, porque Ferguson optou por não perder a linha: em vez disso, ele transmitiu seus conhecimentos aos jogadores. É isso que fazem os bons treinadores."

 E para provar a atualidade e funcionamento das teorias do livro, resolvi trazer um pequeno excerto do texto para a realidade brasileira. Como sou sãopaulino, a minha analogia é com o meu time esse ano. Em certa passagem, os autores defendem que a parte do elenco que mais influencia nos resultados não é o elo forte (melhores jogadores), mas sim o elo fraco do time (pior jogador). O São Paulo FC é uma prova gritante disso em 2014. A montagem do elenco para essa temporada privilegiou setores bem servidos com peças de qualidade, como o setor ofensivo, em detrimento de setores mais frágeis, como dos volantes. Assim, mesmo com muita qualidade ofensiva, o time não engrenava. Mesmo assim, a diretoria e o presidente do clube nao perceberam que precisavam reforçar os elos fracos, e não os elos fortes do time. Mas o time engrenou quando Muricy sacou o elo fraco - o volante Maicon - para escalar Kaka que, mesmo não jogando bem no início, resultou em uma melhora sensível do desempenho do time. O que o técnico fez, mesmo sem saber, foi sacar o elo fraco que destoava do time, diminuindo a diferença de habilidade relativa entre os jogadores.

Esse livro é recheado de informações, revelações, curiosidades e histórias boas. Muitas das informações eu talvez esqueça daqui um tempinho. Mas aquelas que eu lembrar, as ideias que eu percebi e as reflexões que tive durarão e influenciarão meu modo de ver o jogo.

Além disso, outra coisa o livro me influenciou: virei torcedor do Wigan na Inglaterra.



Se você quer que alguém comece a ter o hábito da leitura, e tal pessoa por acaso gosta de futebol, esse livro é uma boa chance de atingir tal objetivo. Indiquei-o para todos os meus amigos, inclusive vou emprestar o meu para alguns deles.
Ah, e o prefácio é do PVC (Paulo Vinícius Coelho - Comentarista da ESPN Brasil) :)


NOTA DELE:



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