Resenha: Garotas de Vidro

Resenha

Garotas de Vidro

Autor: Laurie Halse Anderson

Editora: Novo Conceito

Páginas: 272

Sinopse:

Lia e Cassie são amigas há anos, ambas congeladas em seus corpos. No entanto, em uma manhã, Lia acorda com a notícia de que Cassie está morta, e as circunstâncias de sua morte ainda são um mistério. Não bastasse isso, Cassie tentara falar com Lia momentos antes, para pedir ajuda. 

OPINIÃO DELA:

     Creio que comprei esse livro com expectativas demais e acabei ficando um pouco frustrada. Não porque o livro é ruim, mas porque na minha opinião o livro mistura distúrbios alimentares com uma espécie de delírio... Pelo menos é essa a impressão que eu tive da protagonista Lia, uma menina anoréxica que já tinha sido internada em uma clínica de reabilitação e voltou menos magra, mas ainda com a mente de uma pessoa anoréxica. Ela deixa claro que ficar na clínica e ter que comer a quantidade que lhe era imposta fazia com que ela sentisse nojo do seu corpo.

      A autora tem a característica peculiar de mostrar muito bem as emoções da personagem e sem pudor. Além disso, os pensamentos dela em grifos durante as falas torna o livro bem perturbador e angustiante, pois ela deve se privar de dizer aquilo que realmente pensa. Lendo esse livro parecia que eu tinha tomado alguma espécie de alucinógeno, porque é uma escrita muito “delirante”. Isso me incomodou um pouco porque contar calorias e querer ser magra ao extremo não é equivalente a um tipo de loucura do modo como foi retratado.

     Como Lia não tinha se recuperado totalmente, a morte de sua amiga Cassie, que sofria de bulimia, abalou-a demais. Isso fez com que seu mundo desabasse quando ela viu que, no dia de sua morte, a amiga havia ligado trinta e três vezes para ela. Esse é o estopim para que Lia comece a ter alucinações e sinta muita culpa pela morte da amiga, o que a atormenta o tempo todo. 

     Lia tem também um agravante com os pais: sua mãe é médica, o que faz com que ela odeie ficar em casa por saber que não consegue enganar a mãe assim tão fácil. Já seu pai tem outra filha e outra mulher, então Lia acaba conseguindo escapar de almoços, jantares e cafés da manhã. Mas não é nada fácil para a jovem ter que lidar com isso todos os dias e recusar tudo que lhe oferecem. 

     Nunca deixou de pensar em Cassie, e então descobre que o motivo dela ter morrido era a falência de alguns órgãos que já estavam machucados demais por forçar o vômito, ficar sem comer e beber muito álcool. Mesmo assim, continua se culpando pelas ligações não atendidas da amiga no dia de sua morte. Lia perde total controle quando se corta na frente da sua irmã mais nova, pois não suporta mais a culpa que a corrói, e tem que ser levada ao hospital para se curar e tentar refletir sobre tudo que lhe aconteceu.

     Ainda acho que a autora focou em uma pessoa já com a doença muito enraizada, e eu realmente esperava que fosse tratar da Anorexia Nervosa desde o princípio - seria mais interessante. Mas eu recomendo muito o livro porque é uma ousadia necessária escrever sobre como somos influenciados por estereótipos de beleza e que as consequências disto podem ser irreversíveis.

“Mordi, mastiguei, engoli dia após dia, e menti, menti, menti (Quem quer se recuperar? Levei anos para chegar aquele peso. Eu não estava doente; eu estava forte).” – Lia

NOTA DELA: