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domingo, 14 de dezembro de 2014

Resenha: O Touro do Rebanho (Autor Parceiro)



Resenha


O Touro do Rebanho


Autor: Krishnamurti Góes dos Anjos
Editora: Chiado Editora
Páginas: 356

Sinopse:
O touro do Rebanho - Memória da Sedição dos Alfaiates de 1798 na Bahia onde se deduz as elementares razões para a pena de enforcamento e esquartejamento de quatro pobres homens do povo, proferida por uma corte devassa e corrupta.

Ambientado em uma das épocas mais conturbadas da história brasileira e portuguesa, fins do século XVIII e as duas primeiras décadas do XIX, o romance traça um painel histórico em que o fluir dos acontecimentos se entretece nas relações Colônia x Metrópole imersas numa conjuntura de guerras, sedições, piratarias, invasões francesas a Portugal, transferência da corte portuguesa para o Brasil e finalmente a Independência brasileira.

Expondo documentos históricos nunca publicados, a trama desvenda as mais diversas ambições que engendraram a sedição, e leva-nos à uma faceta do história ainda não revelada:como o Direito colonial brasileiro exercido pela Relação da Bahia, a mais alta corte que se poderia recorrer, julgou os réus acusados da sedição de 1798 e legitimou o poder corrupto de um Estado que funcionou basicamente a partir da escravidão, do suborno e do achaque.



OPINIÃO DELE: 

O Touro do Rebanho pra mim é, definitivamente, um clássico. Não apenas por sua linguagem mais rebuscada, uma história mais cotidiana e menos fantasiosa - apesar de que na história do Brasil, certas passagens, como a retratada no livro, não ficam devendo nada às histórias mais inacreditáveis já inventadas -; o grande motivo de eu considerá-lo como tal é por seu valor narrativo, pelo seu poder de convencimento e pela capacidade de causar reflexões.


Nunca fui grande fã dos clássicos literários consagrados. Sempre reconheci seus valores, li diversos e jamais me arrependi, no entanto nunca foram de me empolgar. Mas O Touro do Rebanho me empolgou bastante, e eu desfrutei de sua leitura ao mesmo tempo em que ia aprendendo coisas novas de nossa própria história (e olha que me considero bom conhecedor de nossa história por conta dos estudos que realizei por dois anos para um concurso que exige grande conhecimento no assunto).

O livro é ambientado na Cidade da Bahia (Salvador) de fins do século XVIII, escravocrata, durante o período colonial, marcado por revoltas e insurgências da população contra os desmandos da coroa que ocorreram por toda a colônia. Uma delas é a narrada Sedição dos Alfaiates, ou Conjuração Baiana que ocorreu em 1798 muito influenciada pelos ideais da França revolucionária. A repressão excessiva imposta pela Coroa Portuguesa chocou a todos por conta de sua incompatibilidade com a gravidade dos fatos.
O personagem que nos conta e que se envolve com a sedição é um dono de engenho cuja vida caminha com relativa prosperidade, possuindo uma fazenda no interior do estado, a propriedade de alguns escravos, acesso a pessoas importantes...
Quando mais jovem, foi apaixonado por Rita, que acabara de ficar viúva de um casamento que ocorreu quando, no passado, os dois estavam separados pelo Atlântico e pelas imposições dos costumes e interesses daquela época.

Aproveito esse romance para transcrever uma pequena passagem do livro como aperitivo:

"- Na próxima semana faremos em nossa casa uma pequena reunião; seria ótima oportunidade para conversarmos com mais calma... 
Olhei para ela e depois para o coronel com raiva contida; ela pareceu desvendar-me o olhar, pois disse:
- Oh, seria muito bom tê-lo em nossa casa; depois que mamãe faleceu, o papai tem mudado muito, está irreconhecível, outro homem... Tenho certeza que ele apreciará a sua presença.
E alternava o olhar entre mim e o coronel.
- Sim, certamente será muito agradável conversar com a senhora, sempre me fez falta conversar consigo.
- A mim pela mesma forma - disse com voz trêmula, sumida e um ar de profunda consternação.
- Por esses dias lembrei-me da senhora muito...
- Mesmo?
- Verdade. Fui ao bairro comercial da Praia a negócios e, quando voltava, esbarrei com uma negra velha a mercar folhas e ervas.
- Meu Deus, será que uma pobre senhora idosa a vender ervas lhe trouxe lembranças a meu respeito assim? Terei envelhecido tanto nesses anos em que não nos vimos?
- Não, absolutamente - e sorríamos enquanto falávamos. - A lembrança veio de quando ela oferecia folhas de goiabeiras. 
Rita estremeceu, depois sorriu embaraçada, baixou os olhos, mas não disse nada."

Como um ponto positivo, gostaria de destacar a verossimilhança da obra. Apenas tive certeza de se tratar de uma história criada pelo autor, e não um achado de algum escrito pronto de memórias, quando li na orelha do livro, após já ter terminado sua leitura. Méritos do autor, que realizou muita pesquisa em documentos da época para escrevê-lo. Cumpre exemplarmente duas funções primordiais de um bom livro: divertir e informar.

Como talvez um ponto negativo, fica apenas a contrapartida desse fato: em alguns momentos, a leitura se torna um pouco difícil por conta das reproduções de trechos de cartas, ofícios e requerimentos, às vezes atrasando um pouco o desenrolar do enredo. 

Ganhador de vários prêmios, o livro faz jus a todos eles. Não a toa eu exclamei durante a leitura vários "meu, esse livro é muito bom" para a Karina... rsrs

Muito bom, gostei bastante e indico. 
Para comprá-lo, fica aqui uma dica: compre diretamente do autor, através da sua página no face. Sai apenas R$40,00 (com frete incluso), mais barato que nos sites que ainda tem algum exemplar disponível. Perfil do Krishnamurti Góes dos Anjos


NOTA DELE:






Comentários
1 Comentários

Um comentário:

  1. Olá, tudo bom?
    Eu nunca me interessei muito por clássicos (são bons, consagrados, mas meio difíceis de ler); mas tenho que reconhecer seu valor. Esse livro, pela capa e pelo nome, se eu visse numa livraria qualquer, de relance não diria que ele tem menos de duas décadas de publicação haha parece mesmo ser antigo! Mas acho que é a ideia né?
    Adorei sua resenha, parabéns pelo blog!
    Beijo!
    http://resenhandoaarte.blogspot.com.br/

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